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Quem me tocou

Óleo sobre tela
105 x 135 cm

Vendido

“Quem me tocou” é um dos milagres de Jesus revelados nos Evangelhos, onde uma mulher que sofria por doze anos de uma hemorragia, se embrenha na multidão acreditando que se tocasse na roupa de Jesus seria curada. E é o que acontece.

Quando rezei essa passagem no ano passado, me chamou a atenção a coragem, ousadia e fé dessa mulher, que enfrentou uma multidão de pessoas e preconceitos para ser curada. Me perguntei quantas vezes eu estou disposto a enfrentar as multidões de obrigações de cada dia, de “prioridades”, de afazeres, para me encontrar com Deus na oração pessoal.

Depois, num momento de pandemia onde o “toque” é restrito, percebi que essa história falava exatamente sobre isso. Todos os personagens da obra tocam de alguma forma em Jesus, inclusive o que está de costas, “encostado” nEle. Ele grita e anuncia, mas não compactua interiormente com o plano da salvação. É apenas barulho, alegoria, mais um na multidão que comprime e esmaga Jesus.

Outro personagem segura Jesus pelas vestes e, querendo protegê-Lo, também empurra a mulher para longe com o outro braço, afinal, com a “boa intenção” de defender nossa fé, muitas vezes afastamos as pessoas do encontro com Deus. Sua pega forte não teve a mesma potência curadora e milagrosa do toque sutil da mulher. Ele toca, mas não olha nos olhos do Mestre, não está vendo o que Jesus vê, não está – ainda – dentro da dinâmica da salvação, da lógica celeste.

Ainda outro personagem, que também segura Jesus por trás e o indaga, quem sabe, a ter que seguir em frente para a “missão“. Sua intenção é boa, mas ainda não entendeu o que é estar presente de verdade, não é maleável, não se dá bem com o inesperado.

Nada disso “toca” o Cristo, a não ser a mulher. Muitos O tocam fisicamente, mas são os doze anos sofridos de sangue derramado, transformados agora num último impulso de fé, que de fato comovem o Senhor. Um toque que “tira uma força de Deus”.

Quem somos nós nessa multidão? O que grita, o que esmaga, o que “defende” ou o que quer tocar num pedacinho de Deus e, quem sabe, ter a vida restaurada, curada, renovada, salva?