

Era simples como as manhãs irrepetíveis
90 x 120 cm
Acrílica sobre tela
Vendido
Recentemente, depois de uma conversa rápida mas profunda, daquelas que temos quando damos carona a uma irmã de muitos anos, @claricefreire compartilhou um texto que escreveu dedicado a um grande amigo em comum, @caiocpaz. Li o texto e imediatamente me veio uma imagem na cabeça.
Sim, penso com imagens.
Você pode conferir a belíssima “pintura escrita” por ela na íntegra no @claricefreire. Mas vou colocar aqui alguns trechos que acenderam meus neurônios relacionados à estética que desembocaram num esboço e finalmente na pintura desse post:
“Passei por um terreno separado da cidade, mas ele estava dentro dela. Cabia ali uma horta entre os prédios. O jardineiro graúdo, esguio, de mãos grandes como pás, mas delicadas quando acariciava hortaliças com brandura. […] Não havia nele nenhum sinal de derrota. […] Era uma visão. Uma visão daquelas. […] Ele era simples como as manhãs irrepetíveis. […] Para cada punhado de sementes, uma pequena luta. […] E o homem jogava seus grãos como um ato de fé, mas uma fé experiente, bem provada. […] Ele jogava sementes em suas batalhas contra o chão que não aparentava perspectiva, nem nada. Lançava cada uma como se fossem projéteis. Balas constrangedoras porque, ao invés de matar, germinavam. E sem chamar atenção. […] Outra coisa escandalosamente simples, a semente. […] Muda, nada, miúda. Potência. Potência. Promessa.” – Clarice Freire