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A grande crise e a alta fidelidade

Óleo sobre tela
94 x 123,5 cm

Acervo pessoal

Para quem quiser entender mais a obra, eu explico numa live que fiz e está salva lá no IGTV. De qualquer forma, vou colocar um trecho de um diálogo do livro “O Pobre de Nazaré”, de Ignacio Larrañaga, que me inspirou para produzir essa obra.

(Jesus conversando com o Pai, no Getsêmani)

“- As árvores morrem no inverno e Vós dispondes que eu seja abatido no coração da primavera. Por quê?

– Há uma primavera que não conhece fim, e cujas sementes estão escondidas no seio do inverno.

– Eu dei aos pobres a chave da felicidade, esvaziando minhas mãos cheias em suas mãos vazias, porque não há felicidade maior do que fazer os outros felizes. Por que me arrebatas agora a felicidade de fazer os outros felizes?

– É fácil dar. O difícil é dar-se. E a suprema oferenda consiste em dar a vida.

– Não sou, por acaso, vosso Filho? Não sois o meu Pai? Não me amais tanto? E eu também não vos amo tanto? Será que não seria suficiente que eu vos adorasse a noite inteira do alto de uma montanha como vosso Filho consubstancial que sou? Por que não me trocais este cálice por outro menos amargo? Por que não me adiais a hora?

– A morte vai libertar o homem da febre do mundo. Só saltando por cima do precipício o homem vai livrar-se da região do desterro e da soledade, para abrigar-se definitivamente à sombra esmagadora da Glória.

O Pobre ia repetindo entre soluços:

– Não se faça o que eu quero, mas o que Vós quereis. […] Agora mesmo vou dar-vos minha palavra, firme e definitiva. Minha Mãe me ensinou que Pobre é aquele que não se sente com direitos. Servo vosso sou. Meus direitos estão em vossas mãos. Por isso, eu vos digo: Devo morrer? Na Cruz? Sim, Pai. Com a boca fechada, como um cordeiro, vou subir à cruz.”