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A Fuga Grotesca

Óleo sobre tela
125 x 105 cm

Acervo pessoal

Num dos meus livros prediletos, li esta cena descrita de forma brilhante pelo autor. Jesus fugindo dos fariseus. Consegue imaginar isso? Jesus fugindo, como um delinquente? A cena retratada está em Jo 10, para quem quiser se aprofundar.

Durante os meses em que pintei esta obra, pensava e rezava sobre isso e constantemente me perguntava porque ele havia fugido e do que ele havia fugido. Hoje, por acaso, estudando uma formação sobre vida espiritual da @comunidadedosviventes@gabrielmarquim falava que “Deus não compete com o mundo. Deus não compete com o barulho. Ele está permanentemente nos falando, nos conduzindo, o desafio não é Deus falar, somos nós escutarmos. Mas antes de tudo, fazermos silêncio.” Deus não bate de frente com o mundo, não revida, “mas dá a outra face” (Lc 6,29).

Nesta obra, quis ressaltar bem as mãos dos personagens: uma que segura o manto, outra que se levanta para apedrejar e outras duas que expressam um grito.

Apego, violência e barulho. E uma fuga grotesca do Homem-Deus, do Manso, do único Bom. Jesus não compete com essas coisas, não revida, mas foge delas. E quer com isso nos ensinar a viver nesse mundo de apegos, violento e barulhento.

Por fim, “escapou de suas mãos” (Jo 10,39). E se Ele conseguiu, nós também conseguiremos, com sua graça e aos poucos nos desapegarmos de tudo que nos prende, que nos impede de encontra-Lo , de conhece-Lo, combatermos a violência com amor e silenciarmos os barulhos interiores que são tantos, para escutarmos com clareza a Sua Voz que sempre nos fala.